segunda-feira, 11 de junho de 2012

Minha Autobiografia

            
                     Minhas Paixões

               O fascínio pela escrita me acompanha desde menina. Foi um sonho de criança podado por uma professora que disse que isso seria uma coisa muito difícil: ser escritora. Mas não ligava muito para a popularidade, tudo que queria era transcrever meus sonhos encantados ou reais, minhas paixões.
            Aos treze anos iniciei essa aventura. Me inspirei no meu saudoso pai que era leitor assiduo, tinha caixas e caixas de livros, nunca li nenhum deles, pois ele dizia que era proibido para crianças. Até essa idade eu era uma menina travessa, adorava brincar, tinha muitos amigos, era muito falante. Uma paixão de adolescente veio podar tudo isso. Começariam as podas da minha vida! Me tornei uma adolescente prisioneira de uma fase turbulenta e cheia de transições. Ser adolescente parecia uma ameaça à civilização, onde a  palavra de ordem era NÃO. Ter conhecido essa paixão aos treze anos foi desafiador, era a forma mais eletrizante de enfrentar os NÃOs, e entender o que havia por trás deles. O pai severo me fazia a "vítima" da família. Era a segunda filha mais velha, com mais três irmãos mais novos, eu seria o laboratório dos meus pais, que ainda não sabia como lidar com esse ser enigmático chamado: adolescente. Fui descobrindo tudo meio sozinha, buscando nos livros, nos filmes a compreensão daqueles sentimentos novos. A ficção retrando a realidade ia me pondo à par desse universo desconhecido. Conheci a dor da paixão em toda sua extensão, algo proibido que durou dois anos. Tornei-me solitária, de pouca conversa, de poucos amigos, somente aquela paixão preenchia meus pensamentos. Nessa época, inspirada nos romances que lia, filmes que assistia e músicas que houvia, comecei a escrever minhas memórias: poesias e romances, os quais guardo até hoje, aos 40 anos.  Aos dezesseis anos namorei efetivamente com o mesmo rapaz, com direito a pedir permissão e sentar no sofá da sala, sob a supervisão dos meus pais.
          As leituras me levavam a querer um mundo vitorioso: era boa aluna, boa filha, e já trabalhava aos 16 anos,  em um período, pois estudava no outro.  Aos 17 anos conclui o curso de segundo grau, hoje chamado ensino médio, terminei também o namoro de 7 meses efetivos que não resistiu a falta de afinidade de prosperidade. Ainda aos 17 anos prestei o vestibular para o curso de ciências, na Faculdade Ilmosa Saad Fayad- Go., hoje UEG, cursei por 2 anos e meio. Não vendo nenhuma identificação com meu perfil, resolvi trancar o curso e seguir a 2ª opção: Letras. O então diretor na época, Sergio Fayad , surgeriu-me prestar um novo vestibular para garantir a vaga. Assim o fiz e fui novamente aprovada. Graças a ele eu me encontrei. E ele, teve sua vida ceifada no ano seguinte, um exemplo de profissional. Tive êxito no curso, continuei escrevendo, agora com mais frequencia nos trabalhos da faculdade, redigindo as produções de texto e trabalhos de conclusão. Minha linha de pensamento era a mesma de hoje. Ao término do curso, fiz o concurso para Professora  na Fundação de Educação do DF, hoje Secretaria de Educação, fui aprovada.       
           Me casei em 1995, não com primeiro namorado, mas com o terceiro, sendo que o segundo durou 3 anos, novamente uma entrega sem futuro, outro criatura sem sonhos e sem ideais. O casamento me rendeu uma gravidez perdida, relatada num diário, uma dor maior que qualquer outra já imaginada, indescritível, depois dessa qualquer outra seria suportável.  Quatro anos depois tive os outros dois filhos. Num casamento de ausências e de falta de sintonia e reconhecimento, permaneci por onze anos. O fim foi dramático. Sai de casa com meus dois filhos, aluguei uma casa, continuei trabalhando, descobrindo minhas potencialidades, minha força. Revivi aquele romance de 20 anos atrás, por 3 meses, Ele continuava o mesmo: sem sonhos!
            Tive muitas vitórias ao longo da vida, porém aquela menina do passado romântica, sonhadora, desbravadora, não cresceu, ainda vive em mim, pequena e frágil. Como dizia minha amiga Suellen Pimentel, psicóloga: sou muito emancipada, não dependo de ninguém para realizar as coisas práticas, mas no amor... ainda sou a mesma dos treze anos que mergulha de cabeça e quebra a "cara"!
           Como nos romances que lia, ainda espero por um final feliz com um "príncipe encantado", cheio de defeitos, mas boa vontade de reconhecer que mudar é importante. A solidão me assusta!
          Hoje tenho meus filhos por perto, aos 40 anos, mas daqui a uns 20 anos, eles já estarão com suas vidas, desbravando o mundo como eu fiz, então estarei sozinha, trilhando o caminho das perdas. Mas até lá, a exemplo de Cora Coralina, minha mestra inspiradora,  quero mostrar para aquela minha professora da adolescência que os sonhos podem se tornar realidade, ainda que no final da vida!
          Meu nome é Rosilene da Silva Oliveira, nasci em Formosa-Go. em 01/10/1971. Tenho mãe, cinco irmãos, dois filhos, estou divorciada e sou professora de Lingua Portuguesa/Literatura/Inglesa. Pós-graduada em Língua Portuguesa. Espero um dia publicar minhas memórias, quem sabe, ajudar a despertar nos jovens o gosto pela leitura, como despertaram em mim aos 13 anos.

(Texto em prosa: Rosilene S. Oliveira/ 11/06/2012)