terça-feira, 16 de julho de 2013

Os Tons de Verde

                                       



                                      Ylenna e Luiz – Tons de Esperança.

Pétalas de todas as cores coloriam as verdes águas do rio, daquela tarde de sábado, 13 de julho. Donde vinham , ninguém sabia dizer, apenas reluzia os tons de verde daquele encontro inesperado. Os olhos brilhantes de Luiz aqueciam com ternura o corpo de Ylenna, por debaixo das águas mansas do rio. Seu sorriso agradecia o carinho e pouco a pouco, um sentimento novo surgia.
Amigos de longa data, confidentes às vezes, companheiros de baladas, aluno e professora. O destino vinha rascunhando uma história que logo se tornaria um belo capítulo nas páginas da vida de Ylenna e Luiz. Meses de espera afligiam o coração do rapaz, ele sabia que de alguma maneira aquele dia chegaria. O dia em que poderia enfim, olhá-la nos olhos, tocar suas mãos, sentir seu calor num abraço especial. Ter seu sorriso único, ainda que por um breve momento. Desenhar seus lábios com as mãos, e mais, com seus próprios lábios. Luiz foi sereno em sua espera, diversos convites ocorreram e encontros despretensiosos, Ylenna não sabia que em cada convide ressurgia o desejo de Luiz em poder tê-la em seus braços,não como parceira de dança,  mas como sua amada idolatrada! Diante do espelho, seus olhos  captavam cada detalhe do belo corpo de sua deusa,  que a música moldava. Silenciosamente Luiz gritava: - Oh! Destino, quanto tempo ainda terei que esperar? Que no momento exato, não me falte as palavras ou as ações adequadas, afim de que, não quebre esse cristal tão precioso. 
            O destino é cúmplice dos corações apaixonados,  preparando as pétalas que deixarão no caminho, colorindo o dia com seus diversos tons, aquecendo a água que lava a alma. 
Chega o dia da grande viagem, um dia repleto de ansiedades onde o estômago dói, a cabeça tonteia, e a respiração fica ofegante. Serão alguns dias longe das tribulações do dia a dia de Ylenna,  livre das grades que a cercam por anos; livre do monitoramento virtual, que hora cuida, ora  desanima. Na mala, a principal bagagem: a expectativa de dias inesquecíveis.  E na chegada a única certeza: Novos tons colorindo as flores do verão.
Os dias gélidos de sua cidade dão passagem às temperaturas amenas, ora quente, ora fria; propiciando as ações do momento: O banho nas águas geladas do rio, e o aconchego de braços entrelaçados nas noites frias. Á princípio Ylenna propicia à todos à sua volta, o seu sorriso de contentamento, sempre gentil, doce, encantador, cativante. Os novos amigos a acolhem com admiração e respeito; Luiz não cabe em si de tanto orgulho, pensa: _ Enfim, alguém  com quem vale a pena andar por ali de mãos dadas, fazer-se notar em tão graciosa companhia. O pequeno grande homem, moreno de estatura mediana, parecia gigante em sua satisfação, seu sorriso traduzia-lhe em um rei, onde todos  se curvavam em reverência. Sorrisos vinham de todos os lados, exceto das mulheres enciumadas, que a cumprimentava com desdém, natural, não eram elas que estavam ali, desfilando e tendo todas as  atenções voltadas  à elas.   
Após uma manhã nada confortável para Luiz, quando acidentalmente, suas chaves se prenderam dentro do porta-malas do seu carro, que permaneceu travado por horas à espera de um chaveiro que pudesse resolver o problema. Embora não demonstrasse aflição, sua voz  acelerada dava sinais de estresse, talvez pela presença de Ilenna e sua amiga, Luma que ficaram “ilhadas” naquela situação e na casa de um recém apresentado, Alan. Por sorte elas estavam de férias e qualquer imprevisto seria visto como parte do processo da viagem. Realmente ele estava em ótima companhia.    Passado a angústia e a mudança de planos, nada como um banho de rio para refrescar o intenso calor e a tensão. Luma e Alan não se aventuraram a encarar a baixa temperatura das águas, que apenas se aquecia a uma longa distancia da margem, pelo posicionamento do sol, além do mais não eram bons nadadores, assim não convinha arriscarem desnecessariamente. Ficaram de papo pro ar, apreciando a paisagem, fotografando os tucanos, que insistiam em ocultar a sua beleza; os micos, pequenos e graciosos, moleques feito crianças; as borboletas, atraídas pelo cheiro das flores da mata  e das pétalas enigmáticas. ‘De onde vieram?’  O rio estava calmo, as águas límpidas, que refletiam os diversos tons de verde das árvores, mescladas com o azul do céu, o branco das nuvens e a luz do sol. Era um gigantesco espelho que duplicava o que já era belo. A paisagem perfeita, a temperatura exata, o momento oportuno para que Luiz abrisse o seu coração. Talvez não houvesse outro momento, o destino uniu-se a natureza, como grandes mãos abertas, os colocando ali, longe de tudo e de todos até mesmo dos seus amigos: Luma e Alan, que se fizeram espectadores dessa nova história de amor. Apenas “dois pontinhos” branco e preto a 60 mts, únicos e majestosos, encantavam e aqueciam as águas, era possível notar a fumaça que se formava como uma áurea de proteção. Olhos nos olhos, mãos que se encontram debaixo das águas,  corações descompassados, que se encontram no mesmo ritmo, beijos que se falam, na mesma linguagem. Perfeito! Afrodite, a deusa do amor se curva em reverência a conclusão de sua obra, depois se vai, assim como seus amigos.
Luiz foi paciente, lembrado de que não convém pular etapas, Ylenna impõe os seus limites, e ele prova pouco a pouco ser merecedor de sua confiança. Aceita com serenidade, se vê convidado a um universo onde muitos julgava estar instinto, o universo dos românticos! Experimenta a doce sensação da conquista, do galanteio; percebe-se completo no simples ato de olhar, tocar delicadamente a sua musa, estar em sua companhia...
Bem vindo ao mundo dos ‘enamorados’!

            A semente foi plantada, agora depende de cada um deixá-la florescer ou morrer, assumir os tons do arco íris, ou os tons de cinza do vazio!

(Rosilene oliveira/julho-2013)