quarta-feira, 10 de abril de 2013

Obra-prima de uma artista amadora


                   



                              Eu pintei um quadro
Hoje senti um enorme desejo de  pintar um quadro, mesmo sem nenhuma técnica, apenas com a minha inspiração. Então pensei: sobre o que seria? Há muitos temas que podem ser abordados em uma pintura. Quis retratar uma sensação que é constante em minha vida, enquanto a velocidade me levava pelas estradas me vi assim, só! A solidão tem sido minha companheira de longas datas, até já me acostumei, compartilho com ela o meu silêncio, os meus desejos e tantos mais, não há solidão pior do que aquela que nos ausenta de nós mesmos. Não! Achei melhor não, sei que ela ainda será minha sombra por muito tempo, quando minha casa ficar realmente vazia ,sem o barulho das crianças, que já serão grandes e terão as suas próprias crianças. Assim visualizei algo novo, especial, majestoso e decidi: pintaria uma alma, imaginei os contornos, queria cores, então percebi que representar uma alma seria usar apenas uma cor translúcida. Não, queria mais cores, claro, para isso deveria reproduzir uma alma dentro de um corpo, com pele, pelos, suor, batimentos cardíacos, saliva, mãos. Então escolhi as mais preciosas tintas, as mais belas cores, os pincéis mais suaves. Com o branco das nuvens daquela manhã esbocei o sorriso, largos, longos. Com o azul do céu e mesclas de cinza teci o olhar, intenso, fixo, daqueles que denuda minuciosamente. Contornei o rosto, colori com pétalas de rosas champanhe, cobri com pelos curtos e suaves. Contornei o corpo, parei no abraço, me deitei sobre ele, tracei os braços e as mãos, repousei nelas um tempo maior, longo... colori com a cor marrom de cascas de amendoim, revesti com a seda das asas das borboletas. Fechei meus olhos e imaginei aquelas mãos, navegando pelo meus rosto delicadamente, sem pressa; tocando meus cabelos, sentindo cada mecha. Tornei ao rosto, finalizei os detalhes. Estava pronta, belíssima obra-prima, de uma artista amadora. Precisava emoldurá-la, onde achar uma moldura à altura, pensei. Pensei novamente: Epa!!! Uma obra tão grandiosa assim não pode ficar emparedada, exposta a olhares sem visão. Tampouco um trono cheio de honras seria ideal. Conclui: o melhor lugar onde se pode guardar o retrato de uma alma tão generosa, cheia de coragem, força, luta e paz, não é outro senão aqui, dentro do Coração, vigiada pelas retinas dos meus olhos. A Alma que pintei é a alma de um poeta, e esse poeta é você!!!