quinta-feira, 18 de julho de 2013

Mensagem Trocada – 
Apenas dois aparelhos, um acaso e um adeus.
A vida escolhe o jogo, as peças desse jogo, joga sobre a mesa do destino, então escolhe os jogadores. Roger e Luna foram os escolhidos dessa vez. Escolhidos a jogar um jogo de cartas marcadas onde o destino já está traçado. O jogo termina com a mesma velocidade com que os jogadores jogam. O jogo da sedução. Foram apenas dois encontros, que marcaram a chegada e a partida. Um breve instantes de 30 dias capaz de causar uma dor infinita e o sentimento de derrota. O que parecia perfeito, não foi tão perfeito assim. Onde encontrar o consolo para a falta da razão? Há muitas teorias que justificam um fim tão repentino, como tantos fins tão repentinos, mas nenhuma delas é capaz de curar a feridas exposta da indignação.
            Através de uma mensagem trocada por engano, Roger faz um convite a Luna, daí  inicia-se uma sequência de outras mensagens via sms, o papo flui, evolui para o chat, depois para  ligações telefônicas, que se intensifica, virando em poucos dias um hábito . Surge uma amizade, que logo é despertada o desejo de um encontro, e promessas de muitos. “Promessas” de viagens juntos, e fins de semana  freqüentes. Roger foi um excelente conquistador, com seus lindos olhos azuis, seu estilo esportista, jovial  , bem relacionado. Porém, algo obscuro o segurava na incerteza, que logo o levaria às mentiras, aos descompromissos, aonde  ainda havia um nó a ser finalizado.
            As conversas diárias ,atenciosas e carinhosas, levaram Luna a imaginar que finalmente o amor estava batendo à sua porta. Bateu, mas com tanta força que assustou. O rapaz não soube administrar a carga de afeto que recebera de Luna, para ela isso deveria ter sido  visto com maturidade que a idade lhes conferem, não foi assim, Roger abandonou o barco ainda em alto mar, e Luna deve que navegar de volta até o porto, sem entender a verdadeira razão dele ter interrompido a viagem.
            Luna teve que aceitar a única explicação dada, ilógica, aparentemente. O homem doce e gentil, devoto fervoroso de sua religião, seguiu seu caminho sem olhar pra trás, dizendo apenas que tinha coisas pra resolver.
            Então qual foi o alimento desse breve relacionamento? Curiosidade, comodidade, companhia, desejo, afeto, nada mais, faltou o principal: O querer!  Um desejo mútuo, de construir uma história que poderia ter sido um exemplo de superação.  Mas uma história de amor não se escreve apenas por um.

Tão rápido como começou, também terminou, com o mesmo aparelho que disse olá, disse adeus, vulgarmente conhecido como, “dar um tempo!”  Dar um tempo pra esquecer, pra semente morrer, sem água sem adubo, se nada.

(Rosilene Oliveira/ julho/2013 - imagem google)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Poder do Querer


De repente eram grandes amigos;
De repente eram melhores amigos;
De repente sentiram que deveriam ser mais que grandes e melhores amigos.
Era uma ideia estranha e uma decisão difícil de se tomar . Haviam duas forças lutando dentro do coração de  Estella e Nícolas, especialmente porque iriam adentrar em um universo ainda desconhecido .  Quantos medos os acompanharam até que decidissem, especialmente para Estella. Porém , após ter em seu peito despertado o sentimento maior do Ser, não poderia mais recuar, apenas buscar  coragem para dizer o Sim à Nícolas, a eles, ao Amor!
Encorajada de que não haveria como sentir a temperatura da chuva se não se permitisse sair sem guarda-chuvas, deixar banhar da cabeça aos pés, assim ela o fez! Corajosa menina! 
Tudo que precisavam saber é que  estavam lutando por manter  a ‘corda’  estendida no ar, caso um dos dois se cansasse, a corda ficaria bamba. A corda é o amor, e suas mãos, as ações diárias que fortaleceriam esse amor!
O amor de  Nícolas e Estella é uma odisséia em extinção. É cruel pensar que um dos dois possa  fraquejar diante dos parasitas  que os cercam: o medo, o ciúme, a insegurança, a saudade... são inúmeros os vilões que saltitam de alegria quando algo dá errado, quando um dos dois vai dormir com o coração ferido. Mas a tarefas de amar não é fácil, é ,ao mesmo tempo que prazerosa, estressante, uma vez que não há receitas prontas, dia após dia, um precisa ensinar o outro como gosta de ser amado. Não se deve amar todas as pessoas do mesmo jeito, assim nenhum ex-amor serve  de referência  na construção de um novo amor. Cada amor é único. Então, não serve dizer: -‘Eu sempre fui assim! Eu nunca fiz isso! Eu não sei ser diferente! Cada novo amor é uma nova história, que precisa ser escrita com caneta de ouro, com as tintas mais caras e raras. É isso ai, estão no caminho certo!
Estella e Nícolas, vencem barreiras todos os dias, desde que decidiram pelo sim, especialmente com relação a distância, que são compensadas com telefonemas diários, até  madrugada à fora. Isso é mágico! Eles desenvolveram uma técnica até então desconhecida: Amarem –se virtualmente, através da voz,  da fala, da essência das palavras. Passando a se conectar através do tom de voz, se permitindo adentrar num mundo imaginário onde poucos se atrevem , por medo, ou simplesmente  pela falta de credibilidade no amor, o  que para muitos se resume em sexo, carne, presença. Presença! Quantos  passam horas juntos e sequer percebem o perfume novo rescendido no ar, ou a roupa nova posta para aquele jantar especial, tantos gestos que passam em branco: como um bom dia depois de fazer amor, ou um simples carinho... Há muitos sinônimos para a palavra: Presença. Não fosse isso, porque tantos casais se separam? Quantos deixam a corda amarrada num tronco seco, ou na mão apenas do outro? Chorar, faz parte. Errar, mais ainda. Mas pedir perdão, reconhecer o erro e evitá-los é um exercício que nunca deve ser retirado da tarefa de casa. Muitos choram, mas nunca devem desistir de viver. Viver é secar as lágrimas um do outro e não proporcioná-las, a menos que sejam de alegria.
O Poder do Querer é o alimento oferecido aos que decidem dizer juntos o Sim, não pra um juiz ou um religioso, mas a si mesmos. Dizer sim, Eu Amo Você do meu jeito, mas quero aprender a te amar  do seu jeito. Mudanças são necessárias constantemente, visto que ninguém é igual a ninguém, ninguém é receita, bula ou um livro já escrito. Nícolas tem sido um exemplo de aprendiz do que o move todos os dias: seu amor por Estella. E Estella, uma eximia mestra, com sua sensibilidade aflorada, seu carinho, às vezes radicalmente impaciente, o que força seu amado a rebobinar o filme, reconhecer o erro e exercitar sua tarefa de casa: pedir perdão. ‘Há sempre uma escolha, há sempre um caminho onde as folhas do chão vão lhes indicar’ , é leviano ignorar esse sinal.  A escola da vida é o ato  das escolhas, O casal escolheu, o amor, e isso prova que ele pode sobreviver nos corações dos seres reais tão lindamente como existem nos seres imaginários.
O amor é a essência da vida, é o que move o mundo. Deixar de vivê-lo é perder a chance de ser parte de  universo melhor!

(Rosilene Oliveira- julho/2013 - imagem web)


terça-feira, 16 de julho de 2013

Os Tons de Verde

                                       



                                      Ylenna e Luiz – Tons de Esperança.

Pétalas de todas as cores coloriam as verdes águas do rio, daquela tarde de sábado, 13 de julho. Donde vinham , ninguém sabia dizer, apenas reluzia os tons de verde daquele encontro inesperado. Os olhos brilhantes de Luiz aqueciam com ternura o corpo de Ylenna, por debaixo das águas mansas do rio. Seu sorriso agradecia o carinho e pouco a pouco, um sentimento novo surgia.
Amigos de longa data, confidentes às vezes, companheiros de baladas, aluno e professora. O destino vinha rascunhando uma história que logo se tornaria um belo capítulo nas páginas da vida de Ylenna e Luiz. Meses de espera afligiam o coração do rapaz, ele sabia que de alguma maneira aquele dia chegaria. O dia em que poderia enfim, olhá-la nos olhos, tocar suas mãos, sentir seu calor num abraço especial. Ter seu sorriso único, ainda que por um breve momento. Desenhar seus lábios com as mãos, e mais, com seus próprios lábios. Luiz foi sereno em sua espera, diversos convites ocorreram e encontros despretensiosos, Ylenna não sabia que em cada convide ressurgia o desejo de Luiz em poder tê-la em seus braços,não como parceira de dança,  mas como sua amada idolatrada! Diante do espelho, seus olhos  captavam cada detalhe do belo corpo de sua deusa,  que a música moldava. Silenciosamente Luiz gritava: - Oh! Destino, quanto tempo ainda terei que esperar? Que no momento exato, não me falte as palavras ou as ações adequadas, afim de que, não quebre esse cristal tão precioso. 
            O destino é cúmplice dos corações apaixonados,  preparando as pétalas que deixarão no caminho, colorindo o dia com seus diversos tons, aquecendo a água que lava a alma. 
Chega o dia da grande viagem, um dia repleto de ansiedades onde o estômago dói, a cabeça tonteia, e a respiração fica ofegante. Serão alguns dias longe das tribulações do dia a dia de Ylenna,  livre das grades que a cercam por anos; livre do monitoramento virtual, que hora cuida, ora  desanima. Na mala, a principal bagagem: a expectativa de dias inesquecíveis.  E na chegada a única certeza: Novos tons colorindo as flores do verão.
Os dias gélidos de sua cidade dão passagem às temperaturas amenas, ora quente, ora fria; propiciando as ações do momento: O banho nas águas geladas do rio, e o aconchego de braços entrelaçados nas noites frias. Á princípio Ylenna propicia à todos à sua volta, o seu sorriso de contentamento, sempre gentil, doce, encantador, cativante. Os novos amigos a acolhem com admiração e respeito; Luiz não cabe em si de tanto orgulho, pensa: _ Enfim, alguém  com quem vale a pena andar por ali de mãos dadas, fazer-se notar em tão graciosa companhia. O pequeno grande homem, moreno de estatura mediana, parecia gigante em sua satisfação, seu sorriso traduzia-lhe em um rei, onde todos  se curvavam em reverência. Sorrisos vinham de todos os lados, exceto das mulheres enciumadas, que a cumprimentava com desdém, natural, não eram elas que estavam ali, desfilando e tendo todas as  atenções voltadas  à elas.   
Após uma manhã nada confortável para Luiz, quando acidentalmente, suas chaves se prenderam dentro do porta-malas do seu carro, que permaneceu travado por horas à espera de um chaveiro que pudesse resolver o problema. Embora não demonstrasse aflição, sua voz  acelerada dava sinais de estresse, talvez pela presença de Ilenna e sua amiga, Luma que ficaram “ilhadas” naquela situação e na casa de um recém apresentado, Alan. Por sorte elas estavam de férias e qualquer imprevisto seria visto como parte do processo da viagem. Realmente ele estava em ótima companhia.    Passado a angústia e a mudança de planos, nada como um banho de rio para refrescar o intenso calor e a tensão. Luma e Alan não se aventuraram a encarar a baixa temperatura das águas, que apenas se aquecia a uma longa distancia da margem, pelo posicionamento do sol, além do mais não eram bons nadadores, assim não convinha arriscarem desnecessariamente. Ficaram de papo pro ar, apreciando a paisagem, fotografando os tucanos, que insistiam em ocultar a sua beleza; os micos, pequenos e graciosos, moleques feito crianças; as borboletas, atraídas pelo cheiro das flores da mata  e das pétalas enigmáticas. ‘De onde vieram?’  O rio estava calmo, as águas límpidas, que refletiam os diversos tons de verde das árvores, mescladas com o azul do céu, o branco das nuvens e a luz do sol. Era um gigantesco espelho que duplicava o que já era belo. A paisagem perfeita, a temperatura exata, o momento oportuno para que Luiz abrisse o seu coração. Talvez não houvesse outro momento, o destino uniu-se a natureza, como grandes mãos abertas, os colocando ali, longe de tudo e de todos até mesmo dos seus amigos: Luma e Alan, que se fizeram espectadores dessa nova história de amor. Apenas “dois pontinhos” branco e preto a 60 mts, únicos e majestosos, encantavam e aqueciam as águas, era possível notar a fumaça que se formava como uma áurea de proteção. Olhos nos olhos, mãos que se encontram debaixo das águas,  corações descompassados, que se encontram no mesmo ritmo, beijos que se falam, na mesma linguagem. Perfeito! Afrodite, a deusa do amor se curva em reverência a conclusão de sua obra, depois se vai, assim como seus amigos.
Luiz foi paciente, lembrado de que não convém pular etapas, Ylenna impõe os seus limites, e ele prova pouco a pouco ser merecedor de sua confiança. Aceita com serenidade, se vê convidado a um universo onde muitos julgava estar instinto, o universo dos românticos! Experimenta a doce sensação da conquista, do galanteio; percebe-se completo no simples ato de olhar, tocar delicadamente a sua musa, estar em sua companhia...
Bem vindo ao mundo dos ‘enamorados’!

            A semente foi plantada, agora depende de cada um deixá-la florescer ou morrer, assumir os tons do arco íris, ou os tons de cinza do vazio!

(Rosilene oliveira/julho-2013)