domingo, 10 de junho de 2012

Minhas Mãos Quebradas

        Peço licença a eterna mestra poetisa, Cecília Meirelles para fazer uso de suas palavras, visto que nenhuma outra que eu consiga produzir terá maior significância na expressão desse meu momento tão incomum.



Canção


Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.


O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.


Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

(Poema de Cecília Meireles- Canção- Imagens web- 10/06/12)